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Vamos esmiuçar os sonhos, Cassandra?

Iniciado por Fleite, Setembro 21, 2016, 08:31:47

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Fleite

     Cassandra, gostei da forma como comentou a "tradução" que eu fiz dos sonhos da Carla_30, e como me apercebo que gosta de estudar e compreender os temas em que participa, venho-lhe propôr que debatêssemos mais aprofundada-mente este tema dos sonhos.

     Temos pontos de vista diferentes e experiências diferentes e quem sabe, debatendo os nossos pontos de vista, talvez ambos ganhássemos mais conhecimentos ainda. Também seria bom, porque como de vez em quando fazemos traduções de sonhos de terceiros e devido a essas traduções alguns assumem atitudes que lhes alteram a vida, acabamos por ser nós os responsáveis por essa mudança, seja ela para melhor ou pior.

     Se estiver interessada num debate construtivo começo pelo simbolismo dos sonhos expondo-lhe o sonho que tive esta mesma noite.

     Estava eu com ferramentas de canalizador na mão a arranjar o chuveiro. Ele não estava avariado pois eu simplesmente alterava a altura a que ele estava fixo à parede. Procurava maneira de o pôr de forma a que a água que saia do chuveiro incidisse diretamente no meu pescoço e como um jato, não como chuva. Depois coloquei-me de forma a apanhar esse jato de água bem forte no meu pescoço e nuca pois tinha as costas voltadas para o chuveiro. Acordei a sonhar com isto.

     Eram 5 horas e 15 minutos da manhã.

     O sonho estava nítido na minha mente e graças a esse sonho e ao seu significado o meu dia hoje foi um dia impecável.

     Esse sonho foi um aviso do meu íntimo dizendo-me que tenho um problema na coluna, mais precisamente no pescoço.

     Desconheço qual o significado que outro lhe daria, mas acontece que devido a ontem, de forma súbita as minhas tensões terem subido para 18 – 11,4 e se terem mantido assim por várias horas com tonturas, fortes dores de cabeça e um cansaço extremos, eu ao deitar-me disse para mim mesmo que o meu corpo tinha que me dizer o que estava de mal com ele e que precisava de ser tratado. Devo admitir que estava bastante apreensivo com o que se estava a passar comigo.

     Depreendi que a mensagem que recebi se referia a algum problema no pescoço e não perdi tempo a pôr um anti inflamatório, o Voltaren e voltei para a cama. Acordei às 7 horas e a dor de cabeça tinha diminuído muito. Fui a Treixedo, a um endireita já velhote e o homem constatou que eu tinha elos da coluna na zona do pescoço ligeiramente deslocados e que toda a musculatura da zona estava dura e comprimida. Disse o Sr Crispim que contraia as veias e que não deixava o sangue circular à vontade.

     Quando saí do endireita fui à farmácia e medi as tensões, estavam a 16 – 10,8. Uma hora mais tarde já em casa voltei a medir, 12,7 – 8,6 e assim se têm mantido durante o dia.

     Como para mim a água lançada em jato contra o corpo é uma massagem, depreendi que no sonho, o meu intimo dizia-me que era o pescoço que precisava de tratamento, e não errou.

     Baseado no simbolismo dos sonhos não sei qual o significado que seria atribuído ao meu sonho, mas seria possível a Cassandra chegar à mesma conclusão não sabendo que o sonho foi uma resposta a uma pergunta concreta?

     Por favor não veja a pergunta como um desafio, que não é, mas sim como um aprimorar de conceitos e conhecimentos, pois eu ainda tenho muito para aprender nestas coisas.

     Embora eu respeitosamente me dirija a si, o debate é extensível a qualquer um membro que queira participar com conhecimentos, opiniões e ideias.

Cassandra

Estou sempre interessada em debates construtivos, por isso, vamos lá a esmiuçar os sonhos.

No caso do seu sonho, repare como simbolicamente o sonho faz sentido: a canalização é onde circula a água, líquido essencial. No corpo humano, a canalização por onde circula o nosso líquido essencial - o sangue - são os vasos sanguíneos - se a musculatura se contrai, isso dificulta a passagem do sangue e por conseguinte, a livre circulação e acesso deste às diferentes partes do corpo. Numa outra perspectiva, se os vasos estão mais contraídos, o sangue não jorra livremente, mas esguicha.

O sonho tanto apontou o local a tratar - o pescoço - como qual era o problema - o excesso de contracção.

Agora... relativamente a se eu chegaria lá sem saber que o sonho era uma resposta a uma pergunta concreta, naturalmente não lhe sei dizer.
Sei dizer que o seu sonho foi bastante simples, teve princípio, meio e fim, sem bizarrias e foi curto. Sem saber o que aconteceu depois, penso que não diria que este sonho tinha algum significado muito oculto, porque não há aqui grandes coisas a serem codificadas.

Quando leio um sonho e me proponho a fazer uma interpretação, não parto logo à caça de símbolos. Depois de ler tudo, a primeira coisa que salta à vista é a estrutura do sonho, a sua complexidade, o grau de estranheza que o envolve.
A forma como a coisa se desenvolve a partir daqui não é algo que eu saiba explicar muito bem. Há uma parte que advém da procura activa de um sentido, da ligação entre as partes do sonho e há outra parte intuitiva.
Não respondo a um tópico sem que a interpretação que eu encontre tenha sentido tanto na perspectiva racional/lógica como na intuitiva.

Outra questão a ter em conta é a forma como as pessoas se relacionam com os seus sonhos. Assim, as interpretações que aqui faço, faço-as tendo por base dois pressupostos:
- O sonhador não fez nada de especial para aquele sonho acontecer.
- O sonhador é um sonhador "normal" - a pessoa vive o seu dia-a-dia, tem as suas tarefas, as suas preocupações, vai dormir, sonha e acorda sem saber o que pensar daquilo que sonhou.

De um modo geral, as pessoas partilham uma experiência onírica mais ou menos parecida, que cabe nestas duas "condições".  Assim, o inconsciente destas pessoas trabalha na forma dita "normal": há qualquer coisa que tem de vir à consciência mas os patrões da realidade não o permitem. Sem outra forma de se fazer ouvir, o inconsciente cria quadros de tal forma estranhos que passam no crivo destes patrões que, por estarem presos à realidade concreta, não vêem para além das imagens que vão passando.
Nestes casos, aquilo que o inconsciente cria tem por base a tal da biblioteca que todos partilhamos.

Mas...
Há pessoas que têm outro tipo de experiências com os seus sonhos. Por exemplo, eu nunca conheci ninguém que, fazendo uma pergunta directa e consciente a si próprio com o intuito de ter uma resposta através de um sonho, obtivesse essa mesma resposta no sonho na mesma noite.
Naturalmente, sendo os sonhos um produto do trabalho da nossa mente, também eles podem ser influenciados e assim, a sua natureza também se modifica.

Posso dar outro exemplo, o meu. Raramente tenho sonhos simbólicos, por exemplo. Grande parte disso deve-se ao facto de eu fazer um esforço diário e consciente para estar em contacto com aquilo que o meu inconsciente produz (sentimentos, pensamentos) e isso diminuir grande parte da necessidade que o inconsciente teria de fazer passar mensagens através dos sonhos. Isso não quer dizer que eu não sonhe. Pelo contrário, sonho muito e lembro-me, a diferença é que os meus sonhos são muito diferentes daquilo que geralmente ouço ou leio. Não estando o inconsciente ocupado a mandar mensagens, a mente fica livre para fazer outras coisas.

Relativamente aos sonhadores aqui do fórum, há temas que aqui aparecem, preocupações que as pessoas manifestam que são também elas diferentes daquilo que outras pessoas que não se interessam por certos assuntos têm.
Aquilo que sonhamos tem a ver com as nossas experiências, conhecimentos que vamos adquirindo, com aquilo que fomos e o que ansiamos vir a ser.

Acredito que os sonhos podem ser uma boa ferramenta de desenvolvimento já que acredito também que sabemos intuitivamente o que é melhor para nós, embora muitas vezes estejamos conscientemente cegos e surdos.

Tal como em outras "artes", é sempre possível eu não estar inteirada de todos os pormenores que envolveram o sonho - como o exemplo que deu do seu sonho.

Mas casos como o seu não são a regra, são excepções. Se o sonhador não adianta outro tipo de informação como essa de ter feito uma pergunta muito concreta e muito específica, estar habituado a fazer isso e a obter respostas, faço a interpretação dentro das duas condições que mencionei acima.

Esta resposta acaba por ser mais geral e menos focada apenas na questão simbólica, mas penso que talvez seja mais simples partir agora para questões mais específicas
"A lei da mente é implacável:
O que você pensa, você cria; O que você sente, você atrai; O que você acredita, torna-se realidade." (Buda)

Fleite

     O interessante dos sonhos é que eu comecei a ter a noção de que os sonhos são como que uma forma de evolução quando me dei conta de que eles algumas vezes tinham no seu conteúdo pormenores relacionados com as questões para as quais eu procurava e procuro respostas.

     Quando me apercebi disso comecei a pôr perguntas directas a mim mesmo. Quase que estipulei um horário para o fazer, para assim estabelecer uma separação entre as duvidas normais e essas mais especificas para as quais queria respostas. Se me ouvirem pensarão que estou meio louco a falar comigo mesmo e a dar uma imagem mental às perguntas que faço. Se eu o consigo qualquer um consegue com perseverança e a certeza de que terá respostas.

     Também já cheguei a conclusão que nem a tudo a mente ou o intimo respondem. Somente aquelas questões que abrangem o que se relaciona connosco, nunca com os outros, pelo menos até agora.

     Para essas respostas os sonhos são bem diferentes aí sim com um simbolismo reforçado de sentimentos bem reais. Verifico nesses que têm interação de terceiros, o que torna o estudo dos sonhos algo de fantástico. Se há quem consiga entrar nos nossos sonhos até que ponto podem influenciar dessa forma a nossa forma de agir?

     Eu acho que o motivo de sonharmos é como forma de nos impulsionar a fazer ou a criar algo novo, pois sonhamos com ambientes desconhecidos que são construidos pelo nosso intimo, pois não existem na natureza. A nossa consciência criativa deveria levar-nos a reproduzi-los transformando o sonho em realidade. Talvez façam parte do nosso instinto de sobrevivência. Só aprofundando a questão se pode tentar um resultado.

     A questão da linguagem simbólica universal é que eu acho que a existir (não digo que não), somente se pode aplicar a sonhos de natureza puramente material. Tudo o que for relacionado com moral (comportamentos) teria que ter uma simbologia adaptada a cada religião a até a cada raça.

     Eu acho mais que esses símbolos têm no sonho o valor que nós mesmos lhes atribuímos, ou porque nos disseram que sonhar com isto, significa aquilo, ou porque a determinadas situações nós mesmos dizemos que parece um sonho e assim o nosso intimo as cataloga e usa. Nós a sonhar temos medo daquilo que tememos quando acordados e do resto não. São valores atribuídos e quantificados pelo nosso consciente que o intimo acatou como verdade.

     Haverá outra forma de explicar o origem dos símbolos oníricos?

Cassandra

Os sonhos acabam sempre por ser uma extensão das nossas preocupações, conscientes e inconscientes - por vezes os sonhos dão respostas a perguntas que nem sabíamos que tinhamos feito. Eles podem ser uma manifestação do passado, presente e de um possível futuro, mostrar-nos o que fomos, o que temos para resolver do passado ou o que podemos fazer para trabalharmos no sentido de evoluir para quem gostaríamos de ser.

CitaçãoPara essas respostas os sonhos são bem diferentes aí sim com um simbolismo reforçado de sentimentos bem reais. Verifico nesses que têm interação de terceiros, o que torna o estudo dos sonhos algo de fantástico. Se há quem consiga entrar nos nossos sonhos até que ponto podem influenciar dessa forma a nossa forma de agir?
Há uns meses, estando eu com dúvidas relativamente a uma questão espiritual, tive um sonho cujo objectivo era fazer-me balançar para um lado. A sensação de que aquilo não estava certo ficou comigo até hoje, apesar de esse assunto já estar resolvido.

A influência existe, é real, mas parece-me que os sonhos não são usados como primeiro recurso na influência. Penso que se os métodos mais conhecidos não estiverem a surtir efeito, então podemos começar a ter sonhos "suspeitos". Isto porque quando temos um sonho, a tendência é para considerarmos que foi a nossa mente que o produziu e nesse caso o sonho deve ser a nossa opinião.
Tenho esta opinião porque geralmente encontro um sentido positivo nos sonhos, é raro contarem-me um sonho que me faça desconfiar.
Mas já agora, dou um exemplo de um sonho que me contaram com uma carga negativa: conheço uma pessoa que tem sido visitada em sonhos, acaba a ser sufocada e acorda em pânico e com falta de ar. Não, não é um produto da mente dela, há ali qualquer coisa que a anda a incomodar enquanto ela dorme.

CitaçãoEu acho que o motivo de sonharmos é como forma de nos impulsionar a fazer ou a criar algo novo, pois sonhamos com ambientes desconhecidos que são construidos pelo nosso intimo, pois não existem na natureza. A nossa consciência criativa deveria levar-nos a reproduzi-los transformando o sonho em realidade. Talvez façam parte do nosso instinto de sobrevivência. Só aprofundando a questão se pode tentar um resultado.
Concordo que há sonhos que nos mostram possibilidades, cenários, enfim, outros mundos que poderiam incentivar a nossa veia criadora. Diz-se que Salvador Dalí tinha alguns métodos para criar aqueles quadros, um deles consistia em adormecer com uma colher na mão e um prato metálico aos pés. Ao adormecer, ele deixava cair a colher no prato e acordava. As imagens que ele via nos sonhos desses primeiros instantes do sono levaram-no a criar alguns daqueles quadros meios inquietantes que conhecemos. Inquietantes, mas com alguma coisa que nos parece estranhamente familiar, não?

Por outro lado, nem sempre sonhamos com ambientes desconhecidos. Acontece sonharmos com sítios que não conhecemos e mais tarde ficarmos a saber que eles existem na realidade. Como é que fazemos isso? Uma explicação popular é que saímos do nosso corpo e vamos por aí e ao acordarmos não temos noção de que aquilo não foi realmente um sonho, mas uma viagem real que a nossa mente fez.
Haverão mundos paralelos? Outras realidades? É que a existirem, se é possível irmos passear na nossa realidade não poderemos entrar em outras? E sendo assim, alguns dos cenários meio estranhos que vemos não são criações da nossa mente mas outros sítios que existem de facto, num outro mundo conscientemente desconhecido.

Relativamente à questão simbólica, há certas coisas que nos suscitam certas reacções. Por exemplo, pode-se gostar mais ou menos das cores azul e vermelho, mas aquilo que essas cores suscitam a nível inconsciente não varia muito. De forma simples, o azul é frio, é calmo; o vermelho é quente e dá um impulso para a acção.
Claro que há símbolos que são culturalmente definidos. Ainda nas cores, o preto não é a cor do luto em todas as culturas.
Um animal como um gato ou um cão vê a simbologia que lhe é atribuída variar de acordo com as culturas e as épocas.

Desconfio muito dos "dicionários de símbolos" que se encontram por aí. Nunca encontrei um dicionário desses que me desse um significado convincente, por um motivo simples: não há receitas, tudo depende do contexto.

Eu penso que a tal biblioteca é o resultado de todas as convicções que a humanidade já teve acerca do significado atribuído às mais diversas coisas. Procura-se por uma palavra, o gato por exemplo, e encontra-se os significados atribuídos: para estas pessoas o gato era isto, para aquelas o gato era aquilo; nesta época o gato era encarado desta forma, naquela época era de outra.

Há coisas cujo significado é mais ou menos constante, outras coisas o significado pode variar bastante. Há símbolos que significam o mesmo desde os princípios da civilização registada, outros vão variando conforme os usos e costumes.

Penso que os vários signficados dos diferentes símbolos fica registado quando há um certo número de pessoas que pensa daquela maneira. Pensa, sente, age, cria conforme a sua convicção acerca daquele símbolo.
Essas convicções são geradas por energia e o resultado das mesmas gera energia. A convicção ganha corpo, ganha peso e fica impressa algures, naquilo que popularmente se entende por inconsciente colectivo.

Então, quando a mente está a criar um sonho, acede à biblioteca, pesquisa sobre os símbolos disponíveis para os significados que ela quer passar e vai construindo as imagens que depois vemos.

Por exemplo, ainda no gato, recentemente foram colocados aqui no fórum dois sonhos com gatos. Num deles interpretei o gato como um símbolo do mistério e do mundo intuitivo, no outro interpretei o gato como símbolo da independência. O gato tem mais significados, mas nestes casos, considerando o contexto dos sonhos e outros símbolos presentes, foram estes dois significados do gato que me pareceram adequados.

Quando há as tais influências, penso que os significados provêm do mesmo sítio, da biblioteca, apenas não são escolhidos por nós.

Eu tenho noção que às vezes as pessoas devem ter dificuldades em aceitar que as coisas que sonham possam ter certos significados, porque tal nunca lhes passaria pela cabeça. O que as pessoas não têm presente é que há muita informação a circular por aí, apenas temos alguma dificuldade em aceder a ela de forma consciente.
"A lei da mente é implacável:
O que você pensa, você cria; O que você sente, você atrai; O que você acredita, torna-se realidade." (Buda)

Fleite

     Mas então teríamos agora outra questão.

     Está provado que há animais que sonham. Irão eles também a essas bibliotecas buscar a simbologia dos seus sonhos?

Cassandra

À partida, um símbolo é suposto ser uma criação exclusiva da mente humana.

Os animais sonham, mas com o que é que eles sonham? A mente deles cria cenários simbólicos ou eles estão a reviver coisas que aconteceram?
"A lei da mente é implacável:
O que você pensa, você cria; O que você sente, você atrai; O que você acredita, torna-se realidade." (Buda)

Fleite

    O facto de haver alguns animais que comprovadamente sonham traz ao debate elementos interessantes. Teremos nós, os humanos, herdado o mecanismo dos sonhos dos macacos?

     Isto está dentro do tema da simbologia dos sonhos e o meu problema é ser miudinho nos pormenores. Se os animais sonham e se há estudos que comprovam que as ondas cerebrais que registam durante o sonho são idênticas às que têm quando correm e quando comem (estudos comprovaram estes padrões), é porque o mecanismo do sonho está no cérebro e não propriamente no consciente ou subconsciente. Ou então teríamos que admitir que os animais de sangue quente (os únicos que sonham) também têm consciência. Dá que pensar.

     Esta hipótese de ser o cérebro a controlar os sonhos transforma os sonhos num mecanismo de sobrevivência, pois tudo o que o cérebro faz tem a ver única e simplesmente com a sobrevivência da espécie. Ora como na natureza (humanos inclusive) impera a lei do mais forte, o significado de qualquer simbologia seria individual pois tenderia a fazer do sonhador o mais apto, o mais inteligente ou o mais forte. Os sonhos seriam como que a escola onde os indivíduos aprendem a terem condições de superarem os adversários.

     Temos que reparar que nos sonhos nós fazemos coisas que superam as nossas capacidades quando acordados. Somos heróis em sonhos e cobardes acordados e vice-versa. Corremos como desalmados quando por costume não damos dois passos que não sejam mesmo necessários. Fugimos quando por costume enfrentamos qualquer perigo. Enfim, nos sonhos acabamos por ter uma vida bem diferente daquela que na verdade vivemos, como se o sonho nos dissesse que temos a opção de ser diferentes. Não será isto uma forma de aprender?

     Outra coisa interessante é que nos sonhos nós não decidimos o que fazer, simplesmente fazemos. Eu no sonho corro porque corro e não porque decidi correr. Nós não conseguimos controlar o que fazemos nos sonhos, mas sabemos que somos nós o actor principal. Sabemos que o enredo gira à volta dos nossos interesses, ou pelo menos da nossa personagem no sonho. O sonho não é portanto construído por nós, os seres pensantes, mas sim construído para nós. E se calhar é assim para que nos sirva como lição e não como experiência.

     Se os sonhos fossem construídos por nós, a existência de uma biblioteca até se compreenderia pois nós como consciência talvez lá pudéssemos ir em busca de elementos, mas conforme muitos de nós se lembram do que sonham, inevitavelmente haveria alguma vez em que alguém se lembraria dessa visita também.

     As pessoas que se lembram dos sonhos são, em geral, mais criativas do que aqueles que o não fazem. Algo ajuda a que assim seja.

Cassandra

O problema do cérebro é que quanto mais a ciência descobre e aprofunda o seu conhecimento, mais se compreende a esmagadora complexidade desse órgão e o pouco que na verdade ainda sabemos.

A verdade é que as formas que existem de estudar o cérebro não permitem aceder ao mecanismos de certos processos. Podemos registar os efeitos desses processos e tentar extrapolar conclusões, mas daí a estarmos a ver o quadro todo vai alguma distância.

Por exemplo, o que é que é isso de ser consciente? Os animais terão consciência?
O Homem sempre apostou em ser superior a tudo e nessa demanda inferiorizou os animais de tal forma que as convenções ligadas à "superioridade" abafam/abafaram um pensamento sério sobre certos assuntos no mundo animal.

Dito isto, é claro que somos diferentes dos animais, claro que aquilo que somos capazes de fazer não tem comparação no mundo animal, basta olharmos para a frente e dar de caras com o monitor do computador onde estamos a ler estas palavras.
Mas isso é uma coisa, outra coisa é não atribuir de todo aos animais, ou a certos animais, capacidades cerebrais só porque achamos que são do pelouro humano.

Eu sempre tive gatos. Os gatos não são todos iguais em termos de carácter. A que é que se deve isso se os animais não têm consciência e agem apenas por instinto? Aprendizagem? Como, se numa mesma ninhada é possível ver desde logo que os bichos são diferentes uns dos outros?
Mais, há coisas que os meus gatos fazem/fizeram que deixam muito veterinário surpreso. É-lhes dificil de acreditar que um simples gato possa exibir comportamentos que pressupõe a existência de um pensamento abstracto, a capacidade de fazer previsões, de subentender o papel de cada jogador num jogo e de terem comportamentos diferentes consoante o papel que os gatos estão a desempenhar nesse jogo entre o gato e um humano. Isto é um comportamento que pode ser aceitável para um macaco, mas parece ser muito estranho para um gato.

A mente de alguns animais é um pouquito mais complexa do que aquilo que geralmente se supõe, é o que eu acho. Mas, relativamente a sonhos e à questão simbólica, continuo a achar que construir símbolos é coisa de humanos.

Citação de: Fleite em Setembro 22, 2016, 07:32:53
      Esta hipótese de ser o cérebro a controlar os sonhos transforma os sonhos num mecanismo de sobrevivência, pois tudo o que o cérebro faz tem a ver única e simplesmente com a sobrevivência da espécie.
Será? Então e a arte? Serve para quê? Pintar, esculpir, tocar um instrumento... isto não serve os propósitos da sobrevivência. Certas coisas como a arte, a religião ou a filosofia, não servem o propósito biológico mas são importantes para os humanos desde que começaram a ser humanos, digamos assim.

Temos mais em nós do que aquilo que se vê, do que o que se regista numa máquina ou se consegue experimentar num laboratório. Alma? Espírito? Nem a ciência consegue negar já que há mais qualquer coisa para além dos imperativos biológicos. Mas novamente se coloca a questão: onde é que isso está? No cérebro? Onde?

Assim, da mesma forma que partilhamos funções cerebrais com os animais mas temos esse extra que nos torna diferentes, penso que o mesmo se aplica aos sonhos: partilhamos essa função com alguns animais, mas os nossos sonhos são diferentes devido a esse extra.

Concordo no entanto que os sonhos funcionam muito como uma escola para onde vamos aprender, às vezes a bem, outras vezes a mal.

Citação de: Fleite em Setembro 22, 2016, 07:32:53
        Outra coisa interessante é que nos sonhos nós não decidimos o que fazer, simplesmente fazemos. Eu no sonho corro porque corro e não porque decidi correr. Nós não conseguimos controlar o que fazemos nos sonhos, mas sabemos que somos nós o actor principal. Sabemos que o enredo gira à volta dos nossos interesses, ou pelo menos da nossa personagem no sonho. O sonho não é portanto construído por nós, os seres pensantes, mas sim construído para nós. E se calhar é assim para que nos sirva como lição e não como experiência.
Na maior parte dos sonhos existe de facto falta de controlo, mas isso não é sempre assim. Existem os chamados sonhos lúcidos em que o sonhador apercebendo-se que está a sonhar consegue fazer coisas de forma consciente.
Sei que os sonhos lúcidos não são folclore porque já os tive. Desde coisas simples como ir para a direita em vez de ir para a esquerda, acordar porque já não quero continuar aquele sonho, até decidir que se estou a sonhar então vou fazer coisas incríveis como voar ou modificar a matéria, já tive o prazer de experimentar como é conseguir fazer aquilo que na realidade se chamaria de magia.

Numa outra perspectiva, há coisas que fazemos estando acordados que também não são fruto da nossa actividade consciente. Aliás, grande parte dos processos da nossa mente acontecem em níveis inconscientes: alguns conseguimos trazer à consciência se quisermos, como a memória, outros ficam irremediavelmente arredados nos confins das salas escuras da nossa mente. Mas esses processo estão lá.

Na minha opinião, se o sonho é construído de forma inconsciente e sendo que o inconsciente faz parte da nossa vida mental, o sonho é sempre construído por nós e também para nós.

Há partes de nós que sabem coisas a que a mente consciente não tem acesso, mas esse conhecimento está lá, existe, parte vive em nós, outra parte está fora mas pode ser acedido. O que nos impede de aceder a esse conhecimento (interno ou externo) é a barreira das leis realidade. Barreira essa que cai mais facilmente quando estamos a dormir e daí termos algum acesso a esse conhecimento.

Citação de: Fleite em Setembro 22, 2016, 07:32:53
     As pessoas que se lembram dos sonhos são, em geral, mais criativas do que aqueles que o não fazem. Algo ajuda a que assim seja.
A memória dos sonhos parece também estar relacionada com o grau de repressão que o consciente exerce sobre o inconsciente. Pensando bem nisso, as duas coisas devem estar ligadas. As pessoas criativas têm menos barreiras da realidade, são menos reprimidas pelas regras e convenções e é isso que lhes permite expressarem-se sem se sentirem constrangidas na sua diferença.

Citação de: Fleite em Setembro 22, 2016, 07:32:53
      Se os sonhos fossem construídos por nós, a existência de uma biblioteca até se compreenderia pois nós como consciência talvez lá pudéssemos ir em busca de elementos, mas conforme muitos de nós se lembram do que sonham, inevitavelmente haveria alguma vez em que alguém se lembraria dessa visita também.
Uma vez escrevi a propósito da reencarnação e do aceder a vidas passadas em hipnose, que nos relatos que vão surgindo, por exemplo os dos livros do Brian Weiss, nunca ninguém se lembra daquela vez em que não foi com os guias, tendo decidido que ia ficar umas dezenas de anos por aqui, de volta dos familiares que ficaram no mundo dos vivos. E no entanto, sabemos que isso acontece, que eles ficam por cá.

Acho que há coisas que não é suposto lembrarmo-nos... a resposta a esse porquê daria respostas a muitas outras coisas.
"A lei da mente é implacável:
O que você pensa, você cria; O que você sente, você atrai; O que você acredita, torna-se realidade." (Buda)

Fleite

     É sempre agradável poder conversar com quem gosta do que faz e é mais que explicito na forma como comunica os seus conhecimentos que a Cassandra adora falar de sonhos. Não só adora como é uma estudiosa do tema pois fala pelo que entende depois de chegar a conclusões próprias e não pelo diz que disse.

     Eu não expliquei bem o que entendo por cérebro e instinto de sobrevivência. A Cassandra faz uma observação pertinente e cito: " Então e a arte? Serve para quê? Pintar, esculpir, tocar um instrumento... isto não serve os propósitos da sobrevivência. Certas coisas como a arte, a religião ou a filosofia, não servem o propósito biológico mas são importantes para os humanos desde que começaram a ser humanos, digamos assim".

     Em minha opinião a inteligência, fator que nos permite expressar através da arte, não é uma característica do cérebro. A inteligência é que nos permite aceder às artes e aos conceitos graças ao sentido crítico, que é uma zona de analise critica existente no nosso cérebro. O cérebro é a maquina que trata do corpo e de todas as suas funções, fazendo tudo o que é necessário para a nossa sobrevivência, inclusive desligando a parte consciente, o "eu", quando lhe somos prejudiciais. Assistimos a isso quando um excesso de dor, medo ou emoção nos faz desmaiar, para que os químicos que estes sentimentos fazem as glândulas segregar, não causem danos ao corpo pelo excesso.

     É a inteligência que nos faz diferentes dos restantes seres vivos e não a consciência, em minha humilde opinião. É a capacidade de saber o que está bem e o que está mal segundo os nossos conceitos e de assim optar por uma forma de agir condizente com o interesse do resultado para o nosso bem estar, que nos torna inteligentes.

     A consciência é o "eu" ou o nosso "ego", mas sem o cérebro que lhe permite utilizar o sentido crítico, que por sua vez gera a inteligência, é somente uma consciência e nada mais. Por termos consciência é que constatamos que existimos, que somos um ser individual, e essa consciência os animais também têm. Eu olho para os outros seres e sei que eles não são eu, eu sei que existo, que sou eu e os animais também sabem. Somos diferentes pela inteligência que gerámos e essa inteligência é diferente de individuo para individuo consoante as experiências e pela forma como cada um compreendeu os resultados que experiênciou.

     É uma forma perigosa de pensar, mas que não deixa de ser coerente com a nossa imagem. Conduz-me à ideia que a alma humana é a consciência aliada à inteligência e que os animais também têm alma porque estão conscientes que existem e por isso mesmo lutam pela sua sobrevivência.

     Existem seres humanos que por deficiência mental (no cérebro), não conseguem fazer a auto-crítica. Se observarmos bem as atitudes que eles assumem são comparáveis a atitudes que presenciamos em animais domésticos e eles apesar disso têm alma. Falta-lhes a capacidade de criarem inteligência por não terem acesso ao sentido critico que reside não na alma (consciência), mas sim no cérebro.

     Mas este é um caminho de observação e estudo que poucos gostam de explorar porque as conclusões a que se vai chegando põem em causa muito do que aceitamos como verdadeiro e falso.

     Não sei se entendeu o que eu tentei explicar, mas é nesta base de pensamento que entendo que é o cérebro a fabrica dos sonhos e que a função do cérebro é cuidar do corpo. Nós, como consciência viva, podemos controlar o cérebro naquilo que ele aceita como possível ou impossível de realizar, mas não o podemos impedir de por si mesmo tudo fazer para preservar a nossa vida física. Por muito que desejemos a morte, o cérebro tudo faz para nos demover dessa ideia. Não fosse assim e eram milhares por dia que se deixavam simplesmente morrer.

     Para não tornar o texto demasiado longo continuarei a esclarecer o meu ponto de vista às suas observações na próxima mensagem.

Minako

Metendo me aqui à conversa, pode se então deduzir que o cérebro mostra mos o que queremos ver, na maioria dos casos, se assim o entendermos. Uma pessoa que tenha uma vida calma e pacata, mas que deseja adrenalina, num sonho, o cérebro irá , digamos,  produzir essa sensação.
"この世に偶然なんてない。あるのは必然だけ。","Neste mundo não existem coincidências. Há apenas o inevitável."

Fleite

Citação de: Minako em Setembro 24, 2016, 10:46:17
Metendo me aqui à conversa, pode se então deduzir que o cérebro mostra mos o que queremos ver, na maioria dos casos, se assim o entendermos. Uma pessoa que tenha uma vida calma e pacata, mas que deseja adrenalina, num sonho, o cérebro irá , digamos,  produzir essa sensação.

     Faz bem em participar e é essa a intenção.

     Quanto à sua pergunta e em minha opinião poderá ser essa uma das funções dos sonhos, compensar o organismo da rotina a que o submetemos, vivendo em sonhos novas experiências, sensações e emoções que na vida diária não experimentamos.


     Citação de Cassandra:

     "Existem os chamados sonhos lúcidos em que o sonhador apercebendo-se que está a sonhar consegue fazer coisas de forma consciente.
Sei que os sonhos lúcidos não são folclore porque já os tive. Desde coisas simples como ir para a direita em vez de ir para a esquerda, acordar porque já não quero continuar aquele sonho, até decidir que se estou a sonhar então vou fazer coisas incríveis como voar ou modificar a matéria, já tive o prazer de experimentar como é conseguir fazer aquilo que na realidade se chamaria de magia".




     O que fala sobre os sonhos lúcidos, também experimento de vez em quando, mas desligo-me quando me apercebo que estão a acontecer. São uma experiência para a qual ainda não me sinto devidamente preparado e com a certeza de não regressar influenciado por falsas convicções. Primeiro aprender a conduzir o carro e só depois fazer a viagem.

     Das poucas vezes que os tive, começaram quando estava deitado a propôr a mim mesmo ter sonhos com respostas especificas. De olhos fechados associo a pergunta a uma imagem e crio essa imagem na minha mente. Nem sempre é fácil e muitas vezes não o consigo fazer pois não encontro imagens que reproduzam o que eu pretendo perguntar. Algumas vezes, quando consigo criar essas imagens, elas como que por magia (conforme diz e bem) assumem vida própria e começo a assistir a um filme em que participo de parte activa mas de forma inconstante, isto é, tanto faço o que quero como sou levado pelo sonho que começa a entrar em situações que ultrapassam a realidade.

     Não sei exactamente porquê, mas sei que desperto quando chego a este ponto nestes sonhos. Talvez tenha a ver com os limites que eu mentalizei do que devo e não devo fazer. Contudo há pormenores que ficam retidos.

     Eu faço auto-sugestão com regularidade e principalmente quando tenho que fazer algo que é importante ou que requer discernimento extra. E também já pratiquei auto-hipnose e o que me apercebo é que sonho lúcido e auto-hipnose são muito idênticos. Na auto-hipnose crio um ponto em que foco a atenção e de seguida provoco uma "confusão" mental, de tal forma que o cérebro confundido aceita as ordens que lhe dou transformando em verdade aquilo que lhe sugiro como tal. O que é certo é que durante esse tempo "vejo" aquilo que digo e não sou eu que crio a imagem, a imagem é-me sugerida pelo cérebro.

     A auto-hipnose é uma forma rápida de ganhar auto-controle e auto-confiança, o problema é que as imagens mentais que gera começam a insinuar-se na memória como algo que realmente aconteceu o que nos desvia da realidade. Não aconselho a sua prática.

     Pelo que me apercebo nos sonhos lúcidos o mecanismo é o mesmo com uma agravante: Sugerimos à nossa mente um tema e a nossa mente começa a "conversar" connosco partindo desse tema, sugerindo um roteiro que ao longo da conversa, "nós" podemos mais ou menos modificar. Só que a realidade das imagens e sons é tão vivida que há sempre o risco de ser aceite como verdade absoluta, o que é perigoso para manter uma boa saúde mental.

     Como o nosso intimo guarda tudo o que aceitamos como verdade ou possível verdade está a ver o problema que pode provocar. Fanatismo de ideias é coisa que não pretendo para mim. A conversa que mantemos até agora já me fez reformular ideias que eu julgava adquiridas e é assim que eu gosto, estou sempre a aprender.

     Sobre os sonhos lúcidos só poderei dar uma opinião com argumentos válidos quando tiver conhecimentos e coragem suficientes para me deixar levar nessa viagem. São coisas de que só se pode falar por experiência e a experiência não podem ser somente meia dúzia de pequenas observações como aquelas que já vivi.

Cassandra

Está difícil arranjar tempo para me debruçar sobre a sua resposta convenientemente, mas assim já pode continuar sem desrespeitar as regras  ;)
"A lei da mente é implacável:
O que você pensa, você cria; O que você sente, você atrai; O que você acredita, torna-se realidade." (Buda)

Florbela

Ja agora tambem me vou meter :), eu tenho uma duvida, por exemplo e citando o sonho de uma pessoa minha conhecida, essa pessoa precisava de falar com alguem que não via há muito tempo, no entanto não tinha qualquer contacto da pessoa(nem numero, email, etc) nessa noite sonhou com um numero de telefone, no dia seguinte anotou-o e ligou para esse numero...e era o da tal pessoa. A minha pergunta é, como é possivel surgir isto num sonho?

Fleite

     Antes de falar sobre o significado dos sonhos como avisos para perigos, ameaças exteriores e muitas outras coisas possíveis, é necessário arranjar uma resposta coerente para outra pergunta:

     - "Qual a utilidade de estar a sonhar com algo de que depois não me lembro, se esse sonho era um aviso mais ou menos importante para o meu "eu"  consciente?".

     Por outras palavras: "- De que me serve que o meu subconsciente me avise de algo se eu não sei ou não tenho capacidade intelectual para interpretar o que me é dito no sonho?". Não estaria assim o subconsciente a trabalhar para o boneco?. Eu sei que podemos recorrer a quem os saiba traduzir, mas há sítios em que não existe quem o faça.

     Parece outrossim que os sonhos que são avisos (porque os há), são resultado de um uso diferenciado que o nosso consciente aliado à inteligência obteve por seu próprio mérito, assim do género que um carro comercial serve para o trabalho mas também pode servir para passear, podendo assim ser útil e agradável, desde que a família se adapte ao curto espaço reservado aos passageiros.

     Se pensarmos bem, qualquer sonho nos é útil por contribuir habilmente para a nossa sobrevivência. Já imaginaram porquê?

     A resposta é bem simples. Ao sonhar o nosso organismo testa as suas capacidades. Medo, ódio, raiva, amor, desespero, enfim todos os sentimentos são postos à prova e é testada a reacção que eles provocam no nosso organismo. Dessa forma são testados os nossos limites físicos e emocionais, como se fosse um treino para superar os desafios da vida real.

     Por muito dramático que seja o sonho, mesmo que o medo o faça gritar desesperadamente ao cair de uma ravina, nunca ultrapassará os seus limites emocionais. Quando verifica que atingiu o limite o seu cérebro acorda-o. Dessa forma fica registado o limite que o sonhador suporta e caso algo idêntico aconteça na vida real, ao atingir esse limite o cérebro faz-nos desmaiar para evitar danos físicos ou mentais. Contudo é de notar que isto não é regra pois há quem morra durante o sono, sinal de que o limite, devido a algum problema físico, foi ultrapassado.

     Rins, vesícula, baço, coração, etc, produzem químicos como reacção natural aos sentimentos que experimentamos, produtos esses que são necessários para a sobrevivência do nosso corpo. Perante o medo o coração dispara devido à adrenalina que é produzida pelas supra renais e a adrenalina é necessária para ativar os nossos mecanismos internos de defesa que necessitam ser testados para se manterem funcionais. Para um individuo que vive calmamente que outra forma teria o organismo de lhe provocar a produção de adrenalina para esses testes senão através de um sonho com cenas aterradoras?

     Cada um dos sentimentos que vivenciamos activa a produção de um químico especifico pelo corpo. Não servirão os sonhos para equilibrar essa mesma produção? Não é principalmente depois de uma noite bem dormida que observamos melhoras nas doenças que nos afectam? Não terão os sonhos influência directa nessas melhoras físicas por necessitarmos desses mesmos químicos para a sua recuperação? Não dormimos nós para restabelecer o corpo do mau uso que lhe damos durante o dia?

     Nos sonhos mudámos rapidamente de um ambiente triste e monótono para outro cheio de aventura e emoção. Tão depressa estamos numa atitude de amor e carinho, como a seguir partimos para uma fuga desenfreada. Estas mudanças aparentemente sem lógica poderão ser necessárias para que no organismo se misturem as várias hormonas que os diferentes sentimentos fizeram as glândulas produzir. Leiam sobre as glândulas e ficarão a saber o quão indispensáveis são os químicos que produzem para uma vida saudável do nosso corpo e mente.

     Esta teoria sobre a necessidade de sonharmos teria muito para desenvolver mas textos compridos são tediosos e a compreensão dispersa-se, por isso fica o resto para questões que queiram colocar.

     Ainda temos muito para falar sobre os sonhos que são mensagens.

Citação de: Yuko san em Setembro 25, 2016, 05:38:46
Ja agora tambem me vou meter :), eu tenho uma duvida, por exemplo e citando o sonho de uma pessoa minha conhecida, essa pessoa precisava de falar com alguem que não via há muito tempo, no entanto não tinha qualquer contacto da pessoa(nem numero, email, etc) nessa noite sonhou com um numero de telefone, no dia seguinte anotou-o e ligou para esse numero...e era o da tal pessoa. A minha pergunta é, como é possivel surgir isto num sonho?

     A seguir iremos falar sobre esses casos e outros mais.

Cassandra

A sério que quero responder convenientemente, mas provavelmente, ainda não é hoje....   :(

Entretanto, deixo esta mensagem para que possa continuar, se assim o desejar.
"A lei da mente é implacável:
O que você pensa, você cria; O que você sente, você atrai; O que você acredita, torna-se realidade." (Buda)