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Os  textos religiosos foram escritos sob inspiração divina através de mensageiros (espíritos elevados que se comunicam por meio de médiuns) que fizeram as revelações necessárias para uma época em particular, numa linguagem adequada às capacidades daqueles a quem foram originariamente dadas.

As normas de conduta estabelecidas pelas elites dominantes da antiguidade, e mesmo aquelas de inspiração divina, eram as que se adequavam à época. Para termos uma ideia das épocas históricas a que nos referimos, recordemos que a lei de Moisés e o Alcorão, foram escritos aproximadamente nos séculos quinze e sete antes da era cristã, respectivamente. As informações do mundo espiritual, foram recebidas e interpretadas por profetas e filósofos com mediunidade, ou, como escreveu William Stainton Moses in Ensinos Espiritualistas "videntes que, no longinquo passado, transmitiam a comunicação das verdades progressivas úteis à sua geração". Na mesma obra, o autor refere ainda a dificuldade que os espíritos têm de fazer entender aos médiuns determinados assuntos e o cunho pessoal que estes imprimem aos textos:

"Somos obrigados a servir-nos de alegorias e empregar a vossa fraseologia para explicar muitas coisas, por isso não deveis apoiar-vos muito sobre a significação literal das palavras que empregamos para descrever o que, existindo apenas para nós, acha o seu contraste nesse mundo, excede aos vossos conhecimentos presentes e, em uma linguagem terrestre, só pode ser descrito aproximativamente. (...) Acham-se em todas as partes da Bíblia os traços da individualidade do médium, erros causados por um controle imperfeito, e a impressão das suas opiniões, assim como as particularidades referentes às necessidades especiais do povo ao qual a comunicação foi primeiramente dirigida. (...) A inspiração é divina, mas o médium é humano. (...) Não temos necessidade de repetir que a Bíblia contém páginas que não concordam com o nosso ensinamento, sendo uma mistura de erro humano transmitido pelo espírito dos médiuns escolhidos (...)".

Quem se comunica directamente com os homens a partir do mundo espiritual são os espíritos, uns mais elevados do que outros. Na antiguidade, os espíritos que se manifestaram foram por vezes confundidos com "divindades". Daí que alguns povos acreditassem em deuses e deusas, cada um com determinado carácter, o que serviu para engendrar histórias que compõe o imaginário mitológico. Os espíritos elevados têm revelado a Palavra de Deus à humanidade de modo progressivo, em todas as épocas.

As religiões são organizações humanas, a maior parte delas com hierarquia estabelecida. Os textos ("sagrados" ou não) que codificam as religiões:

  • são uma mescla de autoria humana e inspiração espiritual
  • quase todos foram escritos originalmente em línguas e dialectos antigos, pobres em vocabulário e ricas em expressões idiomáticas
  • estão repletos de recursos linguísticos
  • reflectem contextos históricos e culturais específicos
A linguagem e os símbolos utilizados, são os que vigoravam nas épocas e nos lugares em que os originais foram escritos. A comunicação dos ensinamentos era efectuada de geração em geração, essencialmente por via verbal, facilmente deturpável. Os conhecimentos, quando escritos pela primeira vez nos textos originais, já tinham sido (re)interpretados /deturpados.

Os erros das traduções (de traduções, de traduções...) efectuadas em diversas línguas e por vezes para servir determinados propósitos, ainda contribuem mais para que hoje tenhamos livros de referência que não devem ser lidos "ao pé da letra".  Ao lê-los, temos que considerar a história, a linguística, os costumes e as intenções. As palavras são formas de manifestar a essência das ideias. A intenção colocada nas palavras é mais importante do que o próprio texto.

As traduções que se realizam hoje, directamente dos textos antigos, também não são fáceis, não apenas pelos motivos já referidos como também porque os textos não são claros. Vários motivos contribuem para isso. Vejamos alguns:

  • Naqueles tempos remotos poucos dominavam a escrita. O escrivão relatava o que tinha presenciado ou que lhe tinha chegado ao conhecimento através da comunicação verbal, por vezes com muitos anos de intervalo, com fatais distorções provocadas pela memória e pelas  interpretações pessoais dos diferentes narradores.
  • A escrita era lenta e só podia ser iniciada quando houvesse o material adequado: pergaminho ou papiro e tinta.
  • Para obter um pergaminho, era preciso adquirir um cordeiro, ovelha ou cabra, matar o animal e tirar-lhe a pele. Depois tirar os pêlos, lavar e tratar a pele com cal, raspar até ficar fina, colocar a secar esticada e lixar com pedra-pome. Uma pele rompida neste processo, significava uma grande perda de tempo, um prejuízo e um atraso no início da escrita. Após um mês de trabalhos, a pele já transformada em pergaminho era cortada em folhas rectangulares e estava então pronta para a escrita.
  • O papiro surgiu talvez no terceiro milénio antes da era cristã mas, devido às  exigências climáticas do cultivo da planta, o seu uso ficou circunscrito às terras quentes do Egipto. Era um entrelaçado feito com algodão e o interior do papiro cortado em lâminas. O processo envolvia corte longitudinal do caule, tratamento com vinagre para retirar o açúcar da planta, entrelaçamento, prensagem e secagem. Este procedimento era mais barato e mais rápido do que fazer uma folha de pergaminho - em doze dias conseguiam obter uma folha de papiro.
  • Escrevia-se com uma pena de pato e fazia-se a tinta com cinza, pigmentos e gomas naturais para lhe dar cor e consistência.
  • Depois de tanto esforço para conseguir o material necessário para a escrita, era necessário poupar a folha ao máximo. Para rentabilizar o espaço, omitia-se pontuação, juntavam-se as palavras e muitas vezes retiravam-se as consoantes.
  • Os escrivãos floreavam o texto com figuras de linguagem que tinham como objectivo a síntese de ideias, o estímulo à reflexão e ainda chamar a atenção do leitor ou ouvinte. É necessário recordar que estes textos não se destinavam a ser lidos pelo povo iletrado: destinavam-se a ser lidos em voz alta por quem sabia ler e memorizados pelos assistentes.
  • As expressões idiomáticas incorporadas nos textos não são, pela sua natureza, traduzíveis à letra e o seu sentido por vezes perdeu-se no tempo.

Em suma, o que não faltam são entraves para uma interpretação minimamente aceitável dos livros em que as religiões tradicionais se apoiam. Para os letrados daqueles tempos longínquos, que conheciam todos os detalhes linguísticos e a respectiva envolvente social, é provável que a escrita continuasse perceptível, mas tantos séculos depois, interpretar aqueles textos e traduzi-los, é um verdadeiro desafio.

Na antiguidade, os costumes eram bárbaros. As sociedades eram patriarcais. As mulheres eram consideradas inferiores aos homens e como tal, tinham menos direitos e mais deveres e em geral não tinham acesso ao ensino. As normas religiosas foram estabelecidas de modo a servirem os interesses dos que ocupavam as posições mais altas das hierarquias e basearam-se nos escritos que já existiam, os quais, pelas razões já apontadas, se prestavam a muitas e variadas interpretações, desde as mais correctas até às mais absurdas. Foi neste contexto que os primeiros livros que serviram de apoio às hierarquias religiosas foram escritos e que foi impingida ao povo a imagem mental de um Deus impiedoso, castigador, colérico, vingativo, fomentador de guerras e de atrocidades. Muitas palavras foram e ainda são atribuídas a Deus, com o fim de atemorizar os fieis das igrejas.

O nosso raciocínio, à medida que se vai desenvolvendo, vai ficando cada vez mais esclarecido. Somos cada vez mais capazes de identificar as inúmeras causas de deturpações dos textos em todas as épocas. Conseguimos identificar as mentiras e ameaças que tiveram e têm por objectivo subjugar-nos. A revolta contra o ser impiedoso dos textos religiosos é inútil, simplesmente porque ele é uma versão humana da divindade.

Deus é Amor. Criou-nos simples e ignorantes, para crescermos em ciência e moralidade por mérito próprio, utilizando o nosso (também crescente) livre arbítrio. É isso que tem acontecido ao longo dos tempos, porque estamos, a par de tudo quanto existe, em plena evolução. Por incrível que nos pareça hoje, a própria lei de talião "olho por olho; dente por dente", surgiu como adiantamento nas regras da vida em sociedade, no sentido da paz, para minimizar um hábito da sociedade em que o agredido tinha o direito de matar a família toda do agressor. Ora, com esta lei, restringia-se a retaliação a um dano equivalente ao sofrido. Mais tarde, Jesus desaprovou a lei de talião e apelou ao perdão, quando a humanidade já se encontrava num patamar evolutivo capaz de entender que o perdão quebra os laços de ódio e dá lugar à paz. Este é um exemplo ilustrativo de como as sociedades evoluem e com elas as suas leis, sempre no sentido de uma maior consciência e discernimento, com vista ao bem de todos. No entanto, a lei de talião continua escrita e alguns ainda a querem seguir, pensando que é uma lei divina. É um exemplo de interpretação do texto, sem atender ao contexto.

Hoje, com toda a legitimidade, queremos ter normas de conduta raciocinadas, debatidas e aprovadas por consenso. Se já atingimos a capacidade intelectual para o poder fazer, também já atingimos a capacidade de entender que, na época histórica em que surgiram os primeiros textos escritos, posteriormente adoptados pelas religiões, nem se colocava a hipótese de se realizarem debates deste teor. Nada no universo está estagnado. Tudo quanto existe, incluindo a humanidade, está em pleno processo de evolução. Distinguimos hoje entre o bem e o mal, o certo e o errado, porque já adquirimos esta capacidade. Mas nem sempre a humanidade teve a capacidade intelectual, nem o conhecimento, nem o acesso à informação, que tem hoje. Somos hoje mais evoluídos do que eram os homens pré-históricos, a todos os níveis: físico, intelectual, tecnológico, moral ... A fé não nos pode ser imposta: tem de ser raciocinada. Limpemos a mente dos dogmas e preconceitos que a nossa razão não consegue justificar e, com o espírito livre, encaremos sem receio as consequências da pesquisa da verdade, sem medo de supostos e infundados castigos divinos. Em vez de nos revoltarmos contra o passado ou contra quem que quer (ou o que quer que seja), usemos o nosso raciocínio, o nosso conhecimento e a liberdade de expressão que já conquistámos para construirmos um presente e prepararmos um futuro melhor para todos - com ou sem religião.
Rejeito os dogmas e aceito o que para mim faz sentido

Boas,

Quando a noite esconde a Luz, Deus coloca as estrelas - reflictam sobre isto
Deus é amor puro

_Indigo_
Infelizmente, poucos viram Deus para que o pudessem descrever.

Se somos feitos à imagem Dele, certamente, Ele também saberá o bem e o mal.
Muitos de nós fazemos imagens de Deus nas nossas cabeça e em esculturas artesanais, sem sabermos a sua verdadeira personalidade ou aparência. Daí Deus ter dito que não queria que fizessem imagens Dele nem de outra criatura que nos visitassem, pois seria condenável.
Deus fez muitos pactos com o seu povo de Israel... porque será que só falam de Israel e do povo de Israel na Bíblia?
No passado Deus era descrito como um ser vindo do céu em enormes nuvens de fumo e fogo, também ele em carne e osso, tinha sentimentos e emoções, tal como nós.
A palavra Ira de Deus, é algo que é falado em muitas religiões que têm Deus como seu "mestre", "guia", "protector".

Eu acredito que Deus seja amor, mas também acredito que castigue aqueles que praticam o mal. Deus a meu ver, é um ser imparcial, porém é justo com todos.

Se Deus fosse apenas amor, porque expulsou Deus uma série de Anjos das suas hostes celestiais?
Porque as entidades malignas têm tanto medo de Deus?

Citação de: Aurora em Abril 29, 2016, 08:55:26
Boas,

Quando a noite esconde a Luz, Deus coloca as estrelas - reflictam sobre isto
Deus é amor puro

Adorei a frase, Aurora.  :)

Excelente texto.

Citação de: _Indigo_ em Abril 29, 2016, 10:49:30
Infelizmente, poucos viram Deus para que o pudessem descrever.

Muitos de nós fazemos imagens de Deus nas nossas cabeça e em esculturas artesanais, sem sabermos a sua verdadeira personalidade ou aparência. Daí Deus ter dito que não queria que fizessem imagens Dele nem de outra criatura que nos visitassem, pois seria condenável.



     Não terá deus proibido que se fizessem imagens dele, simplesmente para que ninguém o pudesse comparar fisicamente com estátuas de humanos que já tinham vivido neste mundo?

     Imaginem  a bronca se alguém o pudesse relacionar na fisionomia com algum Faraó da antiguidade por exemplo?

     Mistério....

     


_Indigo_
É tudo um mistério, caro fleite.

Quem sabe se não haverá humanos noutros mundos e vieram cá colonizar este mundo, quando foi possível habitá-lo.
Todos os Deuses da mitologia, tinham formas humanas.

Feitos a sua imagem como Espiritos, que é aquilo que somos na nossa verdadeira essência. Não somos Humanos, estamos Humanos. O Erro é Humanizar Deus.

Citação de: Fleite em Abril 29, 2016, 11:29:39
Citação de: _Indigo_ em Abril 29, 2016, 10:49:30
Infelizmente, poucos viram Deus para que o pudessem descrever.

Muitos de nós fazemos imagens de Deus nas nossas cabeça e em esculturas artesanais, sem sabermos a sua verdadeira personalidade ou aparência. Daí Deus ter dito que não queria que fizessem imagens Dele nem de outra criatura que nos visitassem, pois seria condenável.



     Não terá deus proibido que se fizessem imagens dele, simplesmente para que ninguém o pudesse comparar fisicamente com estátuas de humanos que já tinham vivido neste mundo?

     Imaginem  a bronca se alguém o pudesse relacionar na fisionomia com algum Faraó da antiguidade por exemplo?

     Mistério....

     

Acho que é esta a resposta:
Citação de: misticopt em Abril 29, 2016, 11:50:18
Feitos a sua imagem como Espiritos, que é aquilo que somos na nossa verdadeira essência. Não somos Humanos, estamos Humanos. O Erro é Humanizar Deus.
Fazer algo à imagem de Deus pode não ser à imagem visual, mas a outro nível. Já escrevi sobre isto antes. Não são alguns filhos parecidos com os pais a nível psicológico? Às vezes nem convivem com os avós e têm comportamentos e gestos idênticos.
Porque apesar de tantas crenças, opiniões e perspectivas, a verdade é só uma...
Pode ser extensa e complexa, mas é só uma...