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Vamos esmiuçar os sonhos, Cassandra?

Iniciado por Fleite, Setembro 21, 2016, 08:31:47

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Fleite

     Continuando a divagar sobre os sonhos e o motivo de sonharmos, deparo-me com um pensamento que me invade a mente e me espicaça a curiosidade. -"Como são os sonhos dos cegos de nascença?".

     Questão interessante e que depois de bem analisada, ajuda até a clarificar muita coisa que se diz mas que talvez não seja como se diz.

     Acontece que os cegos de nascença também sonham!. Não são sonhos cheios de imagens e de cor, mas sonhos plenos de sensações e sentimentos que reflectem a forma como durante a vigília sentem o mundo. Ambos, cegos ou não, sonham exactamente com o mundo como o "vê-em" quando acordados.

     Aqui surge uma pergunta, porque a vida é um amontoado de perguntas. A pergunta é a seguinte: -"Dizem que durante o sono a alma "sai" do corpo e viaja livremente pelo universo e que os sonhos são as imagens dessas viagens. Então a alma de um cego de nascença também é cega?".

     A pergunta pode parecer sem sentido pois poderão dizer que cegueira de nascença é karma. Então pensem comigo: Quem é cego de nascença tem alguma deficiência a nível físico que impede que os olhos recebam imagens ou que impeça que as imagens cheguem ao cérebro onde seriam interpretadas. A cegueira é portanto um problema físico.

     Então, se para se cumprir um karma de cegueira tem que necessariamente existir um problema físico, é porque a alma por si mesma não é cega e sem um corpo "cego" conseguiria ver.

      Não seria normal que a existir essa "viagem astral" durante o sono,  o cego conseguisse ver as imagens dos locais por onde passeia,  já que durante os sonhos não são os olhos que vêm as imagens com que sonhamos?

     De igual forma temos os sonhos que dizemos serem sobre vidas passadas. Se quem vê, diz que sonhou com vidas passadas porque as imagens do sonho ultrapassam em tudo as que já viram nesta vida, porque não tem um cego de nascença sonhos com imagens referentes a vidas passadas?

      Quem vê teria que ter essas imagens com que sonha retidas na memória da sua alma e não no cérebro e com um cego teria que acontecer exactamente a mesma coisa, se a sua alma guarda memórias de vidas passadas inevitavelmente também sonharia com elas,mas o que acontece é que os cegos de nascença não vêm nada nos sonhos. Nem do passado, nem do presente.

     Não estaremos nós, os que vemos, a ser levados a acreditar em coisas que não são mais do que extrapolações da nossa capacidade criativa e inventiva, próprias da nossa imaginação?

     Se estão a gostar ainda vão ter mais para ler sobre os sonhos.

Victoria

Boa tarde a todos  ;)

Aqui surge uma pergunta, porque a vida é um amontoado de perguntas. A pergunta é a seguinte: -"Dizem que durante o sono a alma "sai" do corpo e viaja livremente pelo universo e que os sonhos são as imagens dessas viagens. Então a alma de um cego de nascença também é cega?".

Peço desculpa pela intromissão. Aqui fica a minha opinião:

Um cego de nascença na vida actual teve, certamente experiências de visão física em vidas anteriores e, por algum motivo, escolheu nascer sem visão, motivo que só a alma sabe.

No entanto, quando sonha, fá-lo com a experiência da vida actual, com sensações físicas, sentimentos, cheiros, tacto etc. Essas experiências de viagem astral são adaptadas à condição actual, ou seja, têm as informações como estão habituados a recebê-las: sem imagem atribuída à visão. No entanto o conteúdo é pleno de significado, que só ele saberá interpretar.

Fleite

Citação de: Victoria em Outubro 08, 2016, 01:08:20
Boa tarde a todos  ;)

Aqui surge uma pergunta, porque a vida é um amontoado de perguntas. A pergunta é a seguinte: -"Dizem que durante o sono a alma "sai" do corpo e viaja livremente pelo universo e que os sonhos são as imagens dessas viagens. Então a alma de um cego de nascença também é cega?".

Peço desculpa pela intromissão. Aqui fica a minha opinião:

Um cego de nascença na vida actual teve, certamente experiências de visão física em vidas anteriores e, por algum motivo, escolheu nascer sem visão, motivo que só a alma sabe.

No entanto, quando sonha, fá-lo com a experiência da vida actual, com sensações físicas, sentimentos, cheiros, tacto etc. Essas experiências de viagem astral são adaptadas à condição actual, ou seja, têm as informações como estão habituados a recebê-las: sem imagem atribuída à visão. No entanto o conteúdo é pleno de significado, que só ele saberá interpretar.


     Faz muito bem em intrometer-se, pois não é uma conversa fechada Victoria, mas a sua opinião, baseada nos ensinamentos espíritas não preenche as lacunas que a teoria do karma não consegue explicar.

     Perante a sua opinião sobre os motivos da não recordação por parte dos cegos, de pormenores de vidas passadas fica a ideia de que é a alma que sonha, o que é contrário aos estudos da ciência que provam que é o cérebro que decide e cria condições para que o sonho aconteça.

     Grande parte dos sonhos de que nos lembramos (os que temos antes de acordar), são respostas do cérebro às inquietações e dúvidas para as quais não encontrámos respostas, ou de recados que nos são enviados por terceiros e que o nosso cérebro captou, mas que à alma passaram totalmente despercebidos.

     O nosso cérebro até tem o cuidado de permitir que a consciência "veja" estes sonhos logo antes de acordar para que nos lembremos deles, pois dos que se têm a meio do sono ninguém se lembra. Não é a nossa consciência que nos acorda, ou é o cérebro ou o despertador, ou algo combinado para o efeito.

     Os sonhos são assim recomendações do nosso intimo (cérebro), sobre situações para as quais a alma não tem a mínima ideia da origem ou solução.

     Ou é assim ou tudo o que está relacionado com a leitura dos sonhos é matéria de ficção.

     Para que precisava a alma de ir procurar símbolos oníricos para dar depois a ela mesma as respostas sobre situações do dia a dia? E ainda por cima de uma forma confusa e quase sempre fora das nossas capacidades de interpretação. Tanto mais que para ir procurar símbolos para sonhar com respostas teria de antemão que já saber as respostas.

     Tem lógica você aprender uma coisa simples e depois complicar-se tanto na maneira de a memorizar que quando o consegue fazer já não tem a mínima ideia da coisa que aprendeu? Claro que não tem lógica. Assim como pelo mesmo motivo não tem lógica ser a alma a sonhar. A alma sonha quando nós sonhamos acordados.

     Nós não podemos é entender de determinada maneira o que se relaciona com os sonhos quando serve os nossos conhecimentos e já não os ver da mesma forma quando põem em causa outros conhecimentos que também aceitamos como verdades.

     Sonhos e viagem astral são situações muito diferentes. Nos sonhos é o nosso cérebro que nos leva numa viagem pelo seu próprio mundo, e na viagem astral somos nós que obrigamos o cérebro a seguir a viagem que lhe propomos. Um tema ainda a desenvolver.

Cassandra

Em relação aos sonhos dos cegos, sabemos que o espectro electromagnético compreende muitos mais comprimentos de onda para além daquilo que nós conseguimos ver no chamado espectro visível.
No entanto eu, que não sou cega, quando sonho não consigo ver em raios-x como o super-homem, ou ver em infra-vermelhos. Mesmo quando em projecções astrais.
Independentemente da modalidade em que estamos a sonhar, parece haver limites para o que conseguimos fazer. Limites que poderão estar relacionados com as limitações físicas, o que vai ao encontro do motivo pelo qual o cegos continuam a não conseguir ver, mesmo estando em projecção astral.

Relativamente ao para que é que servem os sonhos, sim, poderão também servir para de alguma forma induzir o corpo a produzir uma resposta física. Mas há muitas pessoas que têm vidas pacíficas e sonhos pacíficos e também há os que já tendo uma vida agitada, têm sonhos agitados. Aqui, nessa perspectiva de reequilibrar o corpo, parece haver uma duplicação do estímulo.

Penso que os sonhos exercem as mais diversas funções e servem para muitas coisas. Questões fisiológicas, premonições, passeios astrais, viagens ao passado, quiçá ao futuro, resolução de problemas, explicitação de ansiedades e sensações de perigo reais, mas também de medos que na verdade são infundados...

Enfim... por cada função ou problema com que lidamos conscientemente, há uma outra forma de pensamento, ou de modo de funcionar da mente se quiserem, que está a lidar exactamente com as mesmas questões, só que de modo bastante diferente.

Já que falamos em cegos, deixem-me divagar um pouco sobre a Helen Keller para explicitar esta questão das diferentes formas de saber e de processar a informação que a mente possui.

Para quem não sabe, Helen Keller teve uma doença em bebé que a deixou cega e surda e por causa destas duas condições, também não falava.
Aprendeu um modo de comunicar com Anne Sullivan que a ensinou a soletrar palavras batendo do dedos na mão de outra pessoa.

Anos mais tarde, quando Helen reflectia sobre o modo como aprender a comunicar através da palavra lhe tinha mudado a forma de pensar, ela terá dito que sim, certamente que pensava antes disso, mas de que forma pensaria ela?

A partir do momento que a palavra exista, seja de que forma for, ela sobrepõe-se a outras formas de pensamento. Não conseguimos pensar sem ser através de palavras.
Pelo menos, é o que a nossa consciência nos diz. Mas isso não é verdade, há outras formas de pensamento mas por funcionarem num outro registo, bem diferente do modo "palavra" e do modo "consciente" pode até passar-nos ao lado.

Tudo isto para dizer que acredito que os sonhos são também uma ponte entre outras formas de funcionamento da nossa mente e a nossa mente consciente; são também uma tradução das conclusões dessas outras formas de pensamento.

Uma tradução que nem sempre é clara, é certo. Mas imagino que seja o melhor que se pode fazer. Estamos sempre a atribuir "culpas" ao inconsciente pela bizarria das suas produções, mas devemos lembrar-nos que não é o inconsciente que nos impõe a bizarria ou até o esquecimento daquilo que sonhamos.
É o nosso ego e superego que tratam de nos "proteger" de informação que consideram ser sensível e/ou perturbadora.

O Ego... aí está outra coisa interessante sobre a qual pensar.
A teoria psicanalista defende que em verdade, não nascemos com um Ego. No início somos nós e as nossas necessidades. Se tivermos uns pais decentes, choramos e as nossas necessidades são satisfeitas.
Um dia as coisas começam a mudar. O mundo, que até ali parecia existir para nos dar o que queremos, começa a "falhar". Ficamos frustrados, furiosos, confusos. Estas emoções dificultam a nossa forma de funcionar no mundo e com as outras pessoas, é imperativo que se controle as nossas necessidades.

Então aparece o Ego, o nosso salvador. Ele aparece como forma de fazer frente às frustrações causadas pelo choque com a realidade, ele aparece para nos "proteger" dessa frustração.
E ele leva essa função muito a sério. Habituamo-nos a achar que o Ego é parte de nós. Mas será mesmo assim?

Dizem os budistas: "eu não sou o meu Ego, o meu Ego não sou eu". Estranho? Sim, à primeira vista. Verdadeiro? Sem dúvida.

Mas já estou a divagar... a questão aqui são os sonhos e o porquê de serem tão estranhos ou de serem esquecidos. Para que servem se são assim? Lembremo-nos que eles não são assim na sua natureza, são assim porque de outra forma não lhes era permitido aceder à nossa consciência.

Para que servem estes impedimentos? Será mesmo para nos proteger? De um modo geral até aceito que sim, é melhor assim, mas em certos casos tenho dúvidas em relação à beatitude dessa "protecção".
"A lei da mente é implacável:
O que você pensa, você cria; O que você sente, você atrai; O que você acredita, torna-se realidade." (Buda)