Depois da morte dos pais, a vida muda muito...

Iniciado por smaiza, Julho 09, 2016, 10:18:07

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smaiza

COMO A VIDA MUDA COM A MORTE DOS PAIS...

Depois da morte dos pais, a vida muda muito. Enfrentar a orfandade, inclusive para pessoas adultas, é uma experiência surpreendente. No fundo de todas as pessoas sempre continua vivendo aquela criança que pode correr para a mãe ou o pai para se sentir protegido. Mas quando eles vão embora, essa opção desaparece para sempre.

Você irá deixar de vê-los, não por uma semana, nem por um mês, e sim pelo resto da vida. Os pais foram as pessoas que nos trouxeram ao mundo e com quem você compartilhou o mais intimo e frágil. Já não estarão presentes aqueles seres pelos quais, em grande parte, chegamos a ser o que somos.

"Quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo do seu pai, este fica preso para sempre."-Gabriel García Márquez-



A morte dos pais: entre falar dela e vivê-la, existe um grande abismo...

Nunca estamos plenamente preparados para enfrentar a morte, ainda mais quando se trata da morte dos pais. É uma grande adversidade que dificilmente pode ser superada totalmente. Normalmente, o máximo que se consegue é assumi-la e conviver com ela. Para superá-la, pelo menos em teoria, deveríamos entendê-la, mas a morte, no sentido estrito, é totalmente incompreensível. É um dos grandes mistérios da existência: talvez o maior.

Obviamente, a forma como assimilamos as perdas tem muito a ver com a forma como aconteceram. Uma morte das chamadas por "causas naturais" é dolorosa, mas um acidente ou um assassinato é muito mais. Se a morte tiver sido precedida por uma longa doença, a situação é muito diferente de quando acontece de forma súbita.

Também influencia o tempo entre a morte de um de outro: se houve pouco tempo, o luto será mais complexo. Se ao contrário, o lapso for mais extenso, certamente a pessoa estará um pouco melhor para aceitá-lo.

Não apenas é o corpo que se vai, e sim todo um universo. Um mundo feito de palavras, de carícias, de gestos. Inclusive, de repetidos conselhos que às vezes irritavam um pouco e de "manias" que nos faziam sorrir ou esfregar a cabeça porque os reconhecemos nelas. Agora começam a se fazer sentir ausentes de uma forma difícil de lidar.

A morte não avisa. Pode ser presumida, mas nunca anuncia exatamente quando irá chegar. Tudo se sintetiza em um instante e esse instante é categórico e determinante: irreversível. Tantas experiências vividas ao lado deles, boas e ruins, se estremecem de repente e ficam somente em lembranças. O ciclo se cumpriu e é hora de dizer adeus.

"O que está, sem estar"...
Em geral, pensamos que esse dia nunca chegará, até que chega e se faz real. Ficamos em estado de choque e vemos apenas uma caixão, com o corpo rígido e quieto, que não fala e não se move. Que está ali, sem estar ali...

Porque com a morte começam a ser compreendidos muitos aspectos da vida das pessoas falecidas. Aparece uma compreensão mais profunda. Talvez o fato de não ter as pessoas queridas presentes suscita em nós o entendimento sobre o porquê de muitas atitudes até então incompreensíveis, contraditórias ou mesmo repulsivas.

Por isso, a morte pode trazer consigo um sentimento de culpa frente a aquele que morreu. É preciso lutar contra esse sentimento, já que não acrescenta nada e afunda em mais tristeza, sem poder remediar nada. Para que se culpar se você não cometeu nenhum erro? Somos seres humanos e acompanhando essa despedida, precisa existir um perdão: do que se vai para com aquele que fica ou do que fica para com aquele que se vai.

Aproveite-os enquanto puder: não estarão aí para sempre...

Quando os pais morrem, independentemente da idade, as pessoas costumam experimentar um sentimento de abandono. É uma morte diferente das outras. Por sua vez, algumas pessoas se negam a dar a importância que o fato merece, como mecanismo de defesa, em forma de uma negação encoberta. Mas esses lutos não resolvidos retornam em forma de doença, de fadiga, de irritabilidade ou sintomas de depressão.

Os pais são o primeiro amor. Não importa quantos conflitos ou diferenças tenham existido com eles: são seres únicos e insubstituíveis no mundo emocional. Mesmo sendo autônomos e independentes, mesmo que o nosso relacionamento com eles tenha sido tortuoso. Quando já não estão, passa a existir uma sensação de "nunca mais" para uma forma de proteção e de apoio que, de uma forma ou de outra, sempre esteve ali.



https://osegredo.com.br/2016/06/como-vida-muda-com-morte-dos-pais/#.V4E5cg6doR5.facebook
Não corrigir nossas falhas é o mesmo que cometer novos erros.
(Confúcio)

Blue Star

Não consigo ainda me colocar nessa posição, mas cada dia que passa sei que está mais próximo. Fico angustiada só de pensar nisso.
Só posso desejar muita força para quem está agora nesse momento e também para quem já passou por isso, independentemente do tempo decorrido.

smaiza

O texto explica na perfeição...

É uma dor eterna, uma saudade imensa... resta-nos acreditar que estão bem, e que um dia estaremos juntos novamente. :-*
Não corrigir nossas falhas é o mesmo que cometer novos erros.
(Confúcio)

Blue Star

De certeza que os que Eles mais desejam é que os filhos não se deixem consumir, nem vivam em função da dor. E os filhos deveriam lutar para realizar esse desejo, para Eles também terem descanso e paz.
Mas acredito que a dor fique sempre, com uma imensa saudade...até ao reencontro na altura que estiver destinada.

strong

"Aproveite-os enquanto puder: não estarão aí para sempre..."

Estarão de outra forma. Estarão sempre em nossos corações.

Graças a Deus, ainda não passei por essa situação. Mas eu tento aproveitar, ao máximo, todos os momentos com os meus pais. Não quero que fique algo por "dizer" e mostro-lhes, através de gestos, que são a minha vida.

Só de pensar em situações como estas, fico extremamente triste e angustiada. Mas temos de "saber" lidar com isso. Pelo menos tentar.
"When you gonna wake up and fight for yourself?"

maryn

Em 2009 perdi o meu pai. Com a maldita doença da moda. O cancro. E ainda hoje sinto uma revolta contra a doença. Sei que o meu pai esta comigo, mas é sempre difícil. Nos natais, aniversários, etc. É uma dor silenciosa, saudade que aperta, um sentimento de que ficou algo por dizer. Ainda hoje sinto raiva de mim, pois no dia em que faleceu, não lhe fui dar um beijo de boa noite.
A verdade anda aí fora

_Indigo_

Certamente será uma dor difícil de explicar. Mas devemos estimar e amar a nossa família, para que a sua partida, não pese tanto nos nossos corações.

Victoria

Citação de: maryn em Julho 09, 2016, 11:19:42
Ainda hoje sinto raiva de mim, pois no dia em que faleceu, não lhe fui dar um beijo de boa noite.

Não lhe deste um beijo "físico", mas continuas a ter afecto por ele e a "conversar" com ele, sempre que podes. Não te martirizes.
O melhor que todos podemos fazer, é amar e respeitar a memória dos nossos pais, recordar os bons momentos, os bons conselhos, as alegrias.

carlajesus

pior que a morte fisica , foi o luto que fiz a minha maesinha durante 3dias , ainda estando ela viva !!!
o luto em vida custa tanto .... o misto de sentimentos , havia horas que pedia a deus para levar a minha mae , para nao ficar a vegetar , minutos a seguir pedia a deus para nao levar a minha mãe porque ainda nao estava pronta a ficar sem ela !!!!
amanha faz 11meses que perdi uma parte de mim ....

Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.

Cody Sweets 4ever

Os meus pais morreram quando eu tinha 2 anos num acidente de viação....

Se mesmo nunca ter crescido com eles a falta deles me magoa... imagino o que seja para alguém que sempre os teve ao seu lado....