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A lenda da flor de lótus

Iniciado por Marta149, Maio 02, 2016, 02:47:06

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Marta149




Certo dia, à margem de um tranqüilo lago solitário, a cuja margem se erguiam frondosas árvores com perfumosas flores de mil cores, e coalhadas de ninhos onde aves canoras cantavam, encontraram-se quatro elementos irmãos: o fogo, o ar, a água e a terra.



– Quanto tempo sem nos vermos em nossa nudez primitiva – disse o fogo cheio de entusiasmo, como é de sua natureza.
É verdade – disse o ar.
– É um destino bem curioso o nosso.
À custa de tanto nos prestarmos para construir formas e mais formas, tornamo-nos escravos de nossa obra e perdemos nossa liberdade.
– Não te queixes – disse a água -, pois estamos obedecendo à Lei, e é um Divino Prazer servir à Criação.
Por outro lado, não perdemos nossa liberdade; tu corres de um lado para outro, à tua vontade; o irmão fogo, entra e sai por toda parte servindo a vida e a morte.
Eu faço o mesmo.
– Em todo o caso, sou eu quem deveria me queixar – disse a terra – pois estou sempre imóvel, e mesmo sem minha vontade, dou voltas e mais voltas, sem descansar no mesmo espaço.
– Não entristeçais minha felicidade ao ver-nos – tornou a dizer o fogo – com discussões supérfluas.
É melhor festejarmos estes momentos em que nos encontrarmos fora da forma.
Regozijemo-nos à sombra destas árvores e à margem deste lago formado pela nossa união.
Todos o aplaudiram e se entregaram ao mais feliz companheirismo.
Cada um contou o que havia feito durante sua longa ausência, as maravilhas que tinham construído e destruído.
Cada um se orgulhou de se haver prestado para que a Vida se manifestasse através de formas sempre mais belas e mais perfeitas.
E mais se regozijaram, pensando na multidão de vezes que se uniram fragmentariamente para o seu trabalho.
Em meio de tão grande alegria, existia uma nuvem: o homem.
Ah! como ele era ingrato.
Haviam-no construído com seus mais perfeitos e puros materiais, e o homem abusava deles, perdendo-os.
Tiveram desejo de retirar sua cooperação e privá-lo de realizar suas experiências no plano físico.
Porém a nuvem dissipou-se e a alegria voltou a reinar entre os quatro irmãos.
Aproximando-se o momento de se separarem, pensaram em deixar uma recordação que perpetuasse através das idades a felicidade de seu encontro.
Resolveram criar alguma coisa especial que, composta de fragmentos de cada um deles harmonicamente combinados, fosse também a expressão de suas diferenças e independência, e servisse de símbolo e exemplo para o homem. Houve muitos projetos que foram abandonados por serem incompletos e insuficientes.
Por fim, refletindo-se no lago, os quatro disseram:
– E se construíssemos uma planta cujas raízes estivessem no fundo do lago, a haste na água e as folhas e flores fora dela?
– A idéia pareceu digna de experiência.
Eu porei as melhores forças de minhas entranhas – disse a terra – e alimentarei suas raízes.
– Eu porei as melhores linfas de meus seios – disse a água – e farei crescer sua haste.
– Eu porei minhas melhores brisas – disse o ar – e tonificarei a planta.
– Eu porei todo o rneu calor – disse o fogo – para dar às suas corolas as mais formosas cores. Dito e feito.
Os quatro irmãos começaram a sua obra. Fibra sobre fibra foram construídas as raízes, a haste, as folhas e as flores.
O sol abençoou-a e a planta deu entrada na flora regional, saudada como rainha.
Quando os quatro elementos se separaram, a Flor de Lótus brilhava no lago em sua beleza imaculada, e servia para o homem como símbolo da pureza e perfeição humana.
Consultaram-se os astros, e foi fixada a data de 8 de maio – quando a Terra está sob a influência da Constelação de Taurus, símbolo do Poder Criador – para a comemoração que desde épocas remotas se tem perpetuado através das idades.
Foi espalhada esta comemoração por todos os países do Ocidente, e, em 1948, o dia 8 de Maio se tomou também o "Dia da Paz".


Fonte: O Mundo de Gaia