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Pessoas que nos marcam

Iniciado por Florbela, Outubro 22, 2016, 12:38:45

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Florbela

Eu acredito que há pessoas que mesmo que temporariamente passem por nós nos marcam de alguma forma. Há poucos dias estava eu na minha vidinha, estava no intervalo do trabalho e fui para um centro comercial proximo (gosto de lá estar porque não é muito movimentado) fui até ao hipermercado de lá buscar o meu lanche e sentar-me na zona onde é a praça da alimentação ( é um local com uma excelente luz natural, tem tv e wifi gratis), lá coloco os meus auriculares para ouvir os podcasts do telemovel, e estava eu isolada no meu mundo quando sou interrompida por uma voz delicada que me pergunta : " não se importa de me ajudar a sentar?" Rapidamente reparo que vem de uma rapariga pouco mais velha que eu (talvez teria uns 30 e poucos anos) ela usava umas canadianas e umas estruturas metalicas nas pernas, atrapalhadamente respondo logo que sim, e vou acompanha-la até a uma mota (estilo aquelas da egiro) e na minha forma atrapalhada lá a ajudo a sentar e a tirar as tais estruturas das pernas dela e a guarda-las numa bolsa da tal mota, entretanto peço várias vezes desculpa pelos meus modos atrapalhados, ela apenas sorri, no fim ela estende-me a mão e penso que é para me cumprimentar mas reparo que ela tenta colocar uma moeda na minha mão, eu recuso a moeda porque acho que um gesto de cidadania não deve ser pago, e disse-lhe que caso nos voltassemos a ver e se ela precisasse que me poderia chamar novamente. E assim cada uma foi á sua vida, mas dei por mim a reflectir em várias coisas, no facto de ela mesmo estando naquela condição mantinha um brilho nos olhos, não havia ressentimento ou revolta, depois o facto de ela estar dependente da bondade alheia ( é uma situação muito fragil, imaginem que alguem se aproveita e a rouba ou lhe faz mal?) E por fim, o facto de ela não deixar de fazer a sua vida normalmente apesar das limitações ( eu lembro de a ter visto antes no hipermercado).

Watanuki

É bom começar o dia com um relato de bondade


Gostei do que contaste e de ver que, digamos, essa situação tocou te.

Costumo dizer que não existem limitações para ninguém.

Essa senhora mostrou te, que apesar da sua condição física estar limitada, ela continua a viver a sua vida, não parou.

E isso leva nos a pensar: se ela, naquelas condições não desistiu, porque hei de eu, com condições plenas, desistir?

Parabéns pela tua atitude!

Fleite

     O que nos contas deveria servir de exemplo para os inconformados com a vida. A moça de que falas não se conforma com as limitações que o corpo lhe impõe e faz-se ao mundo mesmo sabendo que corre riscos.

     Mais do que com os outros, ela conta com ela mesma e com a certeza de que também conseguirá ir onde os outros vão. Não fica estagnada na ideia de não conseguir ou de não ter ajuda, nem tão pouco nos riscos de se expor a uma sociedade que não respeita nada nem ninguém, muito menos os diferentes.

     Ela enfrenta os desafios e os seus medos e o resto que se dane. Isso sim é que é viver.

     Triste é ver os que possuem boas pernas, não serem capazes de dar os seus próprios passos na vida somente pelo medo imaginado de poderem cair.