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As três orações diárias judaicas

Iniciado por Ziva75, Agosto 18, 2016, 10:45:58

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Ziva75

Uma das passagens mais importantes desta parashá é o primeiro trecho do Shemá, que se inicia com o versículo "Shemá Yisrael". Notamos, porém, que o versículo "Baruch shem kevod malchutô leolam vaed", pronunciado por nós todas as vezes que recitamos o Shemá, não consta na Torá.




O Midrash Rabá relata, que quando Moshê esteve nos Céus, ouviu os anjos – que louvavam o Eterno – pronunciando este versículo e transmitiu-o ao Povo de Israel.

O Midrash Rabá questiona então, por que não pronunciamos este versículo em voz alta (este versículo é pronunciado em voz baixa exceto no Yom Kipur).




O Midrash traz a explicação de Rav Assi: Esse fato é comparado a uma pessoa que esteve no palácio do rei, trouxe de lá uma jóia de muito valor e deu de presente para sua esposa dizendo-lhe, que a usasse somente em casa e não em público. Porém face ao jejum e ao comportamento exigido de nós no dia de Yom Kipur, assemelhamo-nos aos anjos e por isso o pronunciamos em voz alta.




Logo em seguida a estes dois versículos, o primeiro trecho do Shemá segue com a seguinte frase: "Veahavtá et Hashem Elokêcha bechol levavechá uvchol nafshechá uvchol meodêcha" (Devarim 6:5) – E amarás ao Todo-Poderoso com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todos os teus bens, que vem a ser o amor a Hashem acima de qualquer coisa. Um de nossos grandes sábios, oMaharal de Praga zt"l, vê nos três termos citados no Shemá (levavechá, nafshechá e meodecha) uma ligação direta com as três orações diárias – Shachrit, Minchá e Arvit. Sabemos que os horários destas três orações nos foram instituídos pelos nossos três patriarcas: Avraham, Yitschac e Yaacov. Avraham instituiu a oração de Shachrit, conforme consta na Torá: "Vayashkem Avraham babôker" (Bereshit 22:3), Yitschac instituiu a oração de Minchá, conforme consta: "Vayetsê Yitschac lassuach bassadê" (Bereshit 24:63) e Yaacov instituiu a oração de Arvit: "Vayálen sham ki bá hashêmesh" (Bereshit 28:11).




O Maharal zt"l diz que a oração de Shachrit está ligada com o termo "levavechá". Nossos sábios chamam nossa atenção sobre o fato de esta palavra estar escrita na Torá com duas letras "bêt" quando seria suficiente escrever "bechol libechá", porém os dois bêt referem-se aos dois instintos do indivíduo: o yêtser hará (o mau instinto) e o yêtser hatov (o bom instinto). Isso nos ensina, que devemos servir o Todo-Poderoso por intermédio dos dois instintos, transformando o yêtser hará para o bem.




A relação entre a oração de Shachrit e "levavechá" é, portanto, a seguinte: normalmente, sentimos dificuldade em acordar cedo e fazer a oração de Shachrit. Nosso instinto mau tenta nos convencer a permanecermos deitados, alegando que estamos muito cansados e se não dormirmos mais um pouco não poderemos cumprir nossos compromissos da manhã. Assim, o tempo vai passando e o indivíduo acaba acordando tarde e fazendo a oração matinal às pressas, sem o equilíbrio necessário. Por isso, a Torá nos diz: "Veahavtá et Hashem Elokêcha bechol levavechá". Procure vencer seu instinto mau e desperte mais cedo, vá até a sinagoga rezar com minyan e assim estará servindo o Todo-Poderoso com todo o seu coração.




O termo "bechol meodêcha" – com todos os teus bens, refere-se à oração de Minchá. Esta oração só pode ser pronunciada depois do meio do dia (no verão há dias em que Minchá só pode ser feita a partir das 14h) até o pôr-do-sol e é justamente o horário em que o indivíduo está mais ocupado no trabalho em busca de seu sustento. Em meio a esta "avalancha" de preocupações materiais, parando para fazer a oração de Minchá estaremos servindo o Todo-Poderoso também "bechol meodêcha" – com todos os nosso bens.




Por fim, a oração noturna de Arvit está ligada ao termo "bechol nafshechá", conforme a explicação do Maharal zt"l. Sabe-se que a alma(neshamá) necessita de descanso. Nossos sábios comentaram o versículo de Meguilat Echá, "Chadashim labecarim rabá emunatêcha"dizendo, que quando dormimos, entregamos nossa alma cansada e esgotada das atividades do cotidiano ao Criador e Ele a devolve completamente renovada e com novas energias. Disseram ainda, como parâmetro de comparação, que quando entregamos um objeto novo a um ser humano para que o guarde, este o devolve velho e gasto. Entretanto, entregamos ao Todo-Poderoso nossa alma velha e gasta e Ele a devolve renovada.




A alma, portanto, sente a necessidade de descanso pelo esgotamento diário. Porém se apesar disso, encontramos forças antes de nos dirigirmos ao nosso descanso para fazer a oração de Arvit diariamente, estaremos com isso servindo o Todo-Poderoso "bechol nafshechá", com toda a nossa alma, mesmo quando ela está esgotada e pedindo seu merecido descanso.




Sobre a mitsvá de amar o Criador, vide também Rambam, Hilchot Teshuvá cap. 10 par. 3 e 6, e no Tratado de Berachot 62b o relato sobre Rabi Akivá.



Fonte: Coisas Judaicas
Da Revista Nascente – www.revistanascente.com.br
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