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«Era uma vez uma grande rua dentro de uma cidade.
Nessa rua existiam duas longas filas de vivendas, uma de cada lado. Nas traseiras de cada vivenda, existia um largo terreno agrícola que os seus donos cultivavam. O tamanho dos terrenos variava de dono para dono, por isso uns produziam mais do que outros. A produção servia para consumo próprio e para venda aos vizinhos e aos moradores de outras ruas. Os moradores de cada vivenda tinham personalidades muito distintas e gostos alimentares independentes, embora fossem mais parecidos entre eles do que com os moradores das outras ruas. E isso reflectia-se naquilo que produziam nos seus terrenos.

Os moradores dessa rua que tinham maiores terrenos eram também os mais ricos porque produziam e vendiam mais. Os restantes moradores tinham de lhes comprar os produtos que não tinham e por isso tinham menos dinheiro do que os mais ricos.

Estes últimos começaram a cobiçar os terrenos dos restantes (mais pobres) e invadiram os seus terrenos como forma de expandir a sua capacidade de produção. Começou então um grande conflito entre os vários moradores, onde uns achavam que era justo atribuir mais terrenos aos mais abastados, enquanto outros queriam preservar os seus terrenos.

Após muita discussão, e para evitar que os moradores se voltassem uns contra os outros, os moradores dessa rua decidiram criar uma espécie de cooperativa. Os terrenos eram de todos e de nenhum, o que significava que um grupo restrito de moradores decidia o que produzir, onde produzir, quando produzir e quem ficava com essa tarefa atribuída. Decidiu-se que os moradores anteriormente mais ricos iriam dar razoáveis quantidades de dinheiro aos menos ricos para que estes pudessem investir nos seus terrenos e aumentar a sua produção. No entanto, os menos ricos habitualmente não podiam produzir tanto quanto queriam porque recebiam os terrenos mais pequenos e menos produtivos, logo era inútil a quantidade de dinheiro que recebiam em compensação. A médio prazo, os mais ricos estavam a aumentar as suas produções e riqueza (porque eles próprios tinham poder de decisão na cooperativa) e os menos ricos estavam a diminuir as suas produções, ao mesmo tempo que tinham de comprar produtos aos outros moradores.

Com a cooperativa, os moradores menos ricos perderam a capacidade de decidir como gerir os seus terrenos, perderam parte dos seus terrenos e ainda eram castigados se não seguissem as regras de boa gestão dos terrenos, definidos pela comissão da cooperativa.
[Por exemplo, os moradores eram avaliados quanto à forma como gastavam o seu dinheiro em roupas, em remodelações, na educação dos filhos, no supermercado, etc. Se gastassem de forma desadequada aos olhos da cooperativa, ainda que fosse para o bem deles, seriam punidos. Na prática, as grandes decisões sobre as suas próprias casas estavam-lhes vedadas.]

Para os mais ricos, a cooperativa permitiu-lhes aumentar a sua riqueza e manter a posição de poder que sempre tiveram porque definiam as regras de acordo com as suas necessidades.
Alguns moradores menos ricos começaram a pensar recuperar os seus terrenos originais e deixar a cooperativa, algo que nunca tinha sido tentado... Noutras casas, um ou outro elemento da família começava a tentar influenciar os seus familiares para deixar a cooperativa. Até nas famílias dos mais ricos havia elementos insatisfeitos com os resultados da cooperativa e começavam a ficar fartos.

Mas neste momento as coisas eram diferentes e mais difíceis do que antes. Se deixassem a cooperativa e quisessem vender os seus produtos aos outros moradores, teriam dificuldades. Para comprar ficaria ainda mais caro. E deixariam de receber o dinheiro que os apoiava na produção. Para além disso, os mais ricos não queriam a saída de ninguém porque perderiam clientes e terrenos valiosos. Corriam o risco de outros moradores deixarem a cooperativa.

Para os menos ricos, era um dilema em que nenhum dos cenários estava isento de dificuldades no imediato.

Apesar de tudo, alguns moradores arriscaram sair da cooperativa na expectativa de recuperar o controlo dos seus terrenos e o poder de decisão sobre eles.
Conseguiriam eles produzir o suficiente para vender aos moradores da sua rua e aos das outras ruas?
Eles não sabiam, mas iriam em breve descobrir...»
Porque apesar de tantas crenças, opiniões e perspectivas, a verdade é só uma...
Pode ser extensa e complexa, mas é só uma...