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The Atticus Institute (2015)

Iniciado por Roswell, Maio 15, 2016, 04:54:34

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Roswell

The Atticus Institute (2015)

Um filme que chamou atenção nos últimos meses, principalmente depois do lançamento de um espantoso trailer, foi The Atticus Institute. A produção chega com a promessa de ser baseada no único caso de possessão demoníaca reconhecida pelo governo dos Estados Unidos e tem os mesmos produtores de Invocação Do Mal (The Conjuring). Todas estas qualidades combinadas dão a entender que The Atticus Institute tem tudo para ser uma das grandes surpresas de 2015. Mas a minha experiência me ensinou que se o filme fosse realmente tudo isso que parece, teria um lançamento muito maior do que uma estreia em VOD, praticamente sem divulgação alguma.

Isso não quer dizer necessariamente que o filme seja ruim. Mas nestes casos é sempre recomendável não criar muitas expectativas em cima de uma coisa que, na realidade, tem toda a cara de parecer bem mediana. E foi com essa mentalidade que abordei The Atticus Institute, que abre com filmagens feitas em 8mm (comuns na época), cheia de artefatos e cores desaturadas, levemente amareladas, que definirão o tom da trama e o arrepiante clima de realidade que um bom filme de possessão demoníaca deve ter.

Entretanto, ao contrário da maioria dos filmes em geral, The Atticus Institute não começa com a já tradicional morte amostra grátis. Ele nos dá uma prévia do que vem pela frente e logo nos lembra de que se trata de uma história baseada em fatos reais, apresentando alguns dizeres na tela, que não será surpresa nenhuma se forem exatamente os mesmos da sinopse.

The Atticus Institute segue contando sua história sobre o Instituto e a busca do Dr. Henry West (William Mapother), pela comprovação de que em algum lugar lá fora existem pessoas com habilidades especiais. West e sua equipe selecionam e testam vários indivíduos com algum sucesso, porém nenhum grande destaque a ponto de ser considerado um verdadeiro sucesso. Logo sua sorte muda com o aparecimento de um homem capaz de mover objetos utilizando o poder da mente. Eles gastam meses testando o rapaz, mas logo fica comprovado que tudo não passa de um truque envolvendo um dos membros da sua equipe. Frustrado e pressionado, West precisa desesperadamente de alguém que prove suas teorias. E é nesse ponto que entra Judith Winstead (Rya Kihlstedt). Uma mulher na casa dos 30 anos, cujo o estranho comportamento fez com que a família a levasse ao Instituto e a abandonasse por lá. Imediatamente Judith responde às expectativas do Dr. West e seus resultados são impressionantes. Ela supera todos os indivíduos já testados e reacende as esperanças de todos dentro do Instituto. Mas o clima de euforia dura pouco e a situação começa a fugir do controle. Coisas estranhas começam a acontecer aos membros da equipe (dentro e fora do instituto), enquanto Judith vai se tornando cada vez mais agressiva. Inevitavelmente, o governo dos Estados Unidos intervém e o exército assume Instituto na tentativa de entender e de dominar Judith, mas talvez já seja tarde demais.

Supreendentemente, desde o início, The Atticus Institute assume o formato de um pseudo-documentário em vez do recorrente found footage ou do mockumentary, que nos últimos anos se tornaram a primeira escolha para aqueles que desejam contar uma história de possessão demoníaca. O formato não é nenhuma novidade no gênero se levarmos em conta que The Last Broadcast, de 1998, fez uso do estilo até mesmo antes de A Bruxa De Blair. Possivelmente até já exista, mas honestamente, assim de cabeça eu não me lembro de nenhum outro filme deste subgênero de possessão que tenha se utilizado disso. A narrativa alterna entre entrevistas atuais, intercaladas com filmagens de arquivo – feitas como parte registro dos experimentos que se deram dentro do instituto em 1976 – e com muitas fotos sensacionais. Nesse ponto vale salientar tanto o trabalho de design de produção quanto o de edição. Ambos são impecáveis e juntos conseguem transmitir com perfeição a ideia de que realmente estamos vendo algo real, gravado na década de 70 e reformatado dentro de um documentário que poderia muito bem ser exibido na televisão. A combinação das fotografias com as filmagens, sobrepostas pela narração dos acontecimentos por parte dos envolvidos, é a principal responsável pela tensão e por alguns dos momentos mais sinistros do filme. Principalmente por algumas das fotos que são de gelar a espinha e certamente irão assombrar os sonhos de alguns expectadores.

Outro fato que impressiona é o cuidado que a produção toma para cobrir alguns buracos que poderiam ser um problema mais para frente. Um exemplo disso é deixar explicita a justificativa para a alta tolerância com a estranheza dos eventos provocados por Judith, na ansiedade e no desespero pelo sucesso da equipe. O que mostra a atenção dada aos detalhes no roteiro, que apesar de impor um ritmo lento à narrativa – e que certamente irá gerar reclamações de alguns espectadores – é salpicado de situações e de cenas que tornam o filme muito interessante até quase o seu final.

Porém, tanto pseudo-documentários, quanto filmes baseados em fatos reais tem suas armadilhas e o belo trabalho de edição não livra The Atticus Institute de cair em algumas delas. Um dos principais problemas que invariavelmente surgem com estes tipos de filmes hoje em dia, é que existem fatores que acabam anulando o efeito de realidade vital para a credibilidade da história. Como por exemplo, a questão do áudio, que nos trechos supostamente filmados em 1976 tem uma qualidade incondizente com a tecnologia da época. Sem falar em alguns sons de estática adicionados à câmeras de segurança, notoriamente conhecidas por não terem capacidade áudio.

Outro ponto relevante é o fato de um dos principais personagens do filme, o Dr. Henry West, ser interpretado por Mapother, um ator que será facilmente reconhecido pelo grande público por seu papel como o misterioso Ethan, da série Lost. Talvez a opção por um rosto menos conhecido, fosse a escolha mais acertada nesse caso. Além disso, creio eu que qualquer suposta história real na qual um filme alega se basear, deveria ser de fácil acesso logo na primeira pesquisa feita na internet. Caso contrário, é natural que surjam suspeitas de que estamos diante de mais um Contatos Do 4º Grau (The 4th Kind). Um filme que hoje é muito mais famoso por ter inventado todos seus fatos reais, do que pelo conteúdo em si. Apesar de não ter como afirmar que o caso da possessão de Judith seja na verdade um engodo inventado pela produção para ajudar a comercializar o filme (tudo indica que sim), toda pesquisa que realizei para descobrir sobre a real história, me levavam sempre de volta ao site oficial da produção. O que ao meu ver põe em cheque a credibilidade dos fatos.

Porém nenhum destes aspectos pode causar um estrago maior em um filme desse tipo do que uma má atuação. Não que o filme seja mal atuado. Muito pelo contrário. Em sua maior parte o elenco faz seu trabalho muito bem. Como nos casos de Harry Groener e de John Rubinstein, que conseguem transmitir um veracidade crível em suas entrevistas. E é claro que não poderia deixar de mencionar o desempenho de Rya Kihlstedt como Judith, que, especialmente na primeira metade, é simplesmente de arrepiar com seus olhares e trejeitos. Mas infelizmente, The Atticus Institute em alguns momentos peca nesse quesito. Principalmente quando os membros do governo e do exército entram em cena. Coincidentemente, mesmo com os eventos da possessão crescendo em intensidade, é a partir da chegada destes personagens que o filme tem uma queda absurda de ritmo, pois também é nesse ponto que as cenas de possessão ficam mais caricatas e começam a destoar do medonho trabalho de Kihlstedt na primeira fase.

Os efeitos visuais se dividem entre práticos e de CGI e alternam bons e maus momentos, mas é preciso dizer que filmes de baixo orçamento que recorrem à computação gráfica para criar cenas sangrentas (e aqui não são muitas), invariavelmente, em algum dado momento irão falhar e com este aqui não seria diferente. Na maior parte do tempo os efeitos vão muito bem, mas quando falham, falham tão feio que chamam atenção e – talvez por serem mais utilizados naquela que aos poucos vai se tornando a mais óbvia das conclusões – deixa um gosto amargo ao término do filme. Realmente uma pena.

The Atticus Institute acaba sendo mais interessante pela proposta do que por sua história supostamente baseada em um improvável e desanimador caso real. A opção pelo estilo, combinado com o belo trabalho de edição na criação de um pseudo-documentário, consegue trazer um filme tenso e sinistro, apesar da morosidade da trama. Mesmo com toda a atenção dada aos detalhes no roteiro, a produção, infelizmente não consegue evitar alguns problemas dos quais sofrem produções de menor porte, como a precariedade dos efeitos visuais e algumas atuações que de tão fracas comprometem o clima de realidade ambicionada pelo filme. Ainda assim, vale a pena conferir. Especialmente aqueles que estiverem atrás de um filme de possessão demoníaca com uma proposta diferente.

Fonte:
http://terrorama.net/resenha/critica-the-atticus-institute-2015/



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Incertus

muito bom...  :)

já vi a versão "vacinada" na net... mas recomendo algo com mais "qualidade"... vale mesmo a pena...

Roswell

Citação de: Incertus em Maio 15, 2016, 04:57:51
muito bom...  :)

já vi a versão "vacinada" na net... mas recomendo algo com mais "qualidade"... vale mesmo a pena...

Sem dúvida. Dentro do género "found footage"  é dos melhores que já vi. Aprecio bastante o cuidado no guarda-roupa e nos restantes adereços para reconstituir fielmente os anos 70.
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